data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: divulgação
Esculturas que são estudadas pelo professor da PUC
Logo, a Região Central conhecerá um pouco mais a respeito da relação que tem com as antigas Missões Jesuíticas. O irmão marista e pesquisador Édison Hüttner, professor do curso de pós-graduação em História, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de Porto Alegre, começou a estudar três esculturas do museu Pedro Palmeiro, de Santiago. As obras são do estilo sacro missioneiro.
Conforme Hüttner, as peças de madeira maciça foram esculpidas entre 1680 e 1730. A pesquisa é feita a distância. Por conta da pandemia de coronavírus, o professor parou de viajar para fora de Porto Alegre, como é de costume. A coordenadora do museu, Nilda Pimental, tem enviado fotos das esculturas pelo WhatsApp e, a partir das imagens, ele se dedica a estabelecer a identidade dos trabalhos.
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Características como o tipo de revestimento que, de acordo com o docente, no período jesuítico, eram feitas com tinta e até mesmo usando películas de ouro, são analisadas. O objetivo é descobrir o que os artistas da época buscaram retratar.
- Queremos ter certeza se as imagens referem-se à Imaculada Conceição, por exemplo, ao Anjo Gabriel ou ao Anjo Miguel. Somado a isso, iremos levantar alguns dados relativos à história de Santiago. O foco é saber qual é a relação do município com as Missões Jesuíticas e como as peças foram parar lá. Pelas características da obra, descobriremos, também, quem é o autor. Trabalhamos com algumas hipóteses que, aos poucos, serão comprovadas - explica Hüttner.
A pesquisa está vinculada ao Grupo de Estudos da Arte Sacra Jesuítico-Guarani e Luso-Brasileira, da Puc. Os resultados devem ser apresentados daqui a dois meses. Nesse meio tempo, Hüttner pretende ir a Santiago para, confirmar, presencialmente, as informações que tem recebido:
- Mesmo a distância, a pesquisa não perde valor. Todas as imagens que vêm por WhatsApp são de qualidade. As peças são tombadas como patrimônio histórico municipal.
INDIANA JONES
E essa trajetória e repleta de histórias interessantes. Por conta dos 20 anos de pesquisa de campo, em busca de itens raros do passado do país, principalmente relacionados a povos indígenas, Hüttner ficou conhecido como "Indiana Jones Brasileiro". Entre os feitos do irmão marista, está a expedição Lagoa dos Patos. Nesta experiência, foi possível estabelecer um marco para registrar o ponto mais fundo do local. Cerca de 16 obras de arte missioneiras já foram descobertas pelo pesquisador.
Entre tantos estudos, em 2019, o professor encontrou a primeira múmia egípcia do Brasil.
Iret-Neferet, como foi batizada a relíquia encontrada em Cerro Largo, viveu há 2,5 mil anos. A descoberta desta múmia foi reconhecida como uma das 10 descobertas científicas e arqueológicas do mundo em 2019, segundo Revista Galileu e Revista Aventuras da História.
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O MUSEU
O acervo começou a funcionar em 1931, na casa de Pedro Palmeiro, então proprietário de um cartório em Santiago. É a ele que também pertenciam as três esculturas missioneiras.
Desde 1984, o acervo encontra-se na Rua Pinheiro Machado, no centro da cidade. Em função da pandemia, o local está aberto à visitação, conforme agendamento, de segundas a sextas-feiras, das 8h às 14.
Quem deseja conhecer mais esse acervo, é só acessar a página do museu, onde é possível assistir à série "O Museu Pedro Palmeiro Vai Até Sua Casa", bem como saber mais das coleções.
Nilda Pimentel, coordenadora do museu, comenta a importância de pesquisas que valorizem, ainda mais, a história local:
- Há peças raríssimas no acervo, entre elas, armas da Revolução Farroupilha, a lança de Gumercindo Saraiva, que lutou na Revolução Federalista e morreu na região do Carovi, e a urna, na qual o juiz Moisés Viana morreu abraçado em 1936.
*Colaborou Rafael Favero